Parvovírus B19 é um vírus comum que afeta principalmente crianças. O Parvovírus B19, pertencente à família Parvoviridae, é o agente etiológico da eritema infeccioso, também conhecido como "quinta doença" ou, mais coloquialmente, “Doença da Estalada” ou “Doença da Bofetada” pela forma como se manifesta.
Apesar de ser uma doença geralmente benigna e muito comum, recentemente, várias escolas em Vila Nova de Gaia têm reportado casos de infeção, gerando preocupações entre pais e educadores.
Transmissão de Parvovírus e Incidência do Parvovírus em Crianças
A transmissão do Parvovírus B19 ocorre principalmente por via respiratória, através de gotículas de saliva ou secreções nasais de pessoas infetadas. A transmissão também pode ocorrer por transfusão de sangue ou produtos derivados, e verticalmente, de mãe para feto, durante a gravidez. O período de incubação varia entre 4 a 14 dias, sendo que os indivíduos infetados são mais contagiosos durante a fase prodrómica, antes do aparecimento dos sintomas cutâneos.
Em ambientes como creches e escolas, onde a interação entre crianças é intensa, a propagação do vírus é mais comum. Em Portugal, a incidência do Parvovírus B19 em crianças é relativamente alta, especialmente durante os meses mais frios do ano.
Sintomas de infeção por Parvovírus
Os sintomas do Parvovírus B19 surgem entre 4 a 14 dias após infeção/contágio.
A maioria das crianças infectadas apresentam sintomas leves a moderados, surgindo por vezes febre baixa e mal-estar ligeiro (fadiga, dor de garganta, tosse e dores musculares ou articulares), erupção cutânea vermelha simétrica nas bochechas (daí a denominação “Doença da Bofetada”) com pele ligeiramente endurecida e mais clara no interior acompanhado de uma erupção cutânea, de aspecto rendilhado, ligeiramente áspera nas pernas, braços e tronco.
Pode existir algum prurido (comichão) associado.
Em adultos, a artrite (dor nas articulações) é uma manifestação comum e pode persistir por semanas ou meses.
Em indivíduos com anemia hemolítica crónica, o Parvovírus B19 pode causar crises aplásticas graves.
Em mulheres grávidas, a infeção pode levar a hidropisia fetal e aborto espontâneo.
Diagnóstico de Parvovírus B19
O diagnóstico do Parvovírus B19 pode ser feito através de testes de sangue que detectam a presença de anticorpos específicos contra o vírus ou a própria detecção do vírus no sangue, no entanto não costuma ser necessário.
O diagnóstico é maioritariamente clínico (com base nos sintomas).
Tratamento e Considerações Especiais para Pais
Na maioria dos casos, o tratamento da infecção por Parvovírus B19 em crianças é baseado no controlo dos sintomas.
Em casos leves, muitas vezes, não é necessário nenhum tratamento específico, e a criança recupera espontaneamente dentro de uma a três semanas. Medidas como repouso, hidratação adequada e analgésicos para aliviar a febre e dores articulares são geralmente recomendados.
É importante observar que, em algumas situações, a infecção por Parvovírus B19 pode ser mais grave, especialmente em mulheres grávidas e em crianças com condições de saúde subjacentes. Nestes casos, é fundamental procurar atendimento médico para um acompanhamento adequado de forma a evitar complicações.
Parvovírus e Gravidez
Cerca de 50% dos adultos já tiveram uma infeção por parvovírus B19 e adquirem imunidade (são imunes) e poderá ser referido que estão protegidos contra nova infeção. Nestes casos, em que a grávida já foi infetada antes da gravidez, o bebé (e a mãe) estão protegidos contra infeção.
Se for um destes adultos protegidos, você e o seu bebé estão normalmente protegidos do vírus. Mesmo que não esteja imune, nem todas as pessoas expostas ficam infectadas e, muito provavelmente, terá uma doença ligeira se contrair uma infeção por parvovírus B19. Além disso, normalmente, esta infeção não terá impacto na sua gravidez nem no seu bebé a longo prazo.
No entanto, se for infetada com o Parvovírus B19 durante a gravidez, existe a possibilidade de transmitir o vírus ao seu bebé em desenvolvimento. Como resultado, o seu bebé em desenvolvimento pode desenvolver anemia grave. Esta situação não é comum, mas pode provocar um aborto espontâneo. Ter uma infeção por parvovírus B19 durante a gravidez pode aumentar o risco de aborto espontâneo ou de perda de gravidez em cerca de 5%, e normalmente só ocorre quando a infeção se dá na primeira metade da gravidez.
Se estiver grávida, contacte o seu obstetra ou médico de família o mais rapidamente possível para qualquer uma destas situações:
- se apresenta sinais de uma infeção por Parvovírus B19 (ou uma erupção cutânea do tipo “bochecha esbofeteada”);
- se tiver contacto com alguém diagnosticado com Parvovírus B19.
Prevenção e Conclusão
A prevenção da infecção por Parvovírus B19 em crianças envolve medidas simples, como a lavagem frequente das mãos ou desinfecção, especialmente após o contato com secreções nasais ou orais de indivíduos infectados.
A promoção de práticas adequadas de higiene em locais como escolas e creches é essencial para reduzir a propagação do vírus entre as crianças.
É recomendado que as crianças fiquem em casa no sentido de não contagiar outras crianças que possam por sua vez contagiar crianças imunodeprimidas ou mulheres grávidas.
Resumindo, o Parvovírus B19 é uma infecção viral comum em crianças, mas geralmente benigna. É importante conhecer os sintomas e as medidas preventivas para proteger a saúde das crianças. Ao entender o Parvovírus B19, os pais podem lidar de maneira informada e tranquila com esta doença viral e procurar ajuda médica adequada quando necessário.